Texto de J. Pinto Fernandes
Acabo de voltar da África. Sim, a África de Mandela, Tarzan, Jim das Selvas, Nigéria, Angola,Idi Amin Dada, Kilimanjaro e toda a turma. Mais que isso, a África dos leões, dos elefantes, dos leopardos e dos baduínos. Finalmente, eu fiz um safári. Lindo.
Um leopardo estava encastelado em uma árvore. Embaixo dela, três Land Rover, abarrotados de turistas conversando animadamente. No nosso carro, uma francesa, radicada em Londres, chamada Albane. Ela estava-não encontro palavra melhor- embasbacada diante do bicho. Excitadíssima. Arfava, falava sem parar. Albane parecia estar presenciando o Big Bang.
Claro que a cena era preciosa. Ninguém pode dizer o contrário. Mas me pergunto se não há certa histeria coletiva nesses safáris, especialmente quando europeus e americanos fazem o passeio.
Antropologia de bolso: eles devastaram suas matas. Seus zoológicos são... Bem, são zoológicos. Ao viajar para um país de Terceiro Mundo, como a África do Sul e o Brasil, eles pensam que vão encontrar macacos cruzando a avenida ( como naquele episódio clássico dos Simpsons). Ao encontrá-los, realmente, eles não sabem o que fazer. Perdem a estribeira e, numa catarse, parecem retornar aos tempos das cavernas.
Posso estar sendo maldoso. Mas, quando o velho felino, aboletado em seu galho, olhou pra mim, profundamente entediado, vi o que passava por sua cabeça pintada " Ninguém merece"
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